quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mães & Filhos; Filhos & Mães, ou ainda: como é difícil falar dos filhossem falar em ser mãe...


Desde que me conheço por gente, meu grande objetivo na vida era ter filhos.
Desde pequena, me lembro de sentar com a minha mãe para conversar e dizer que eu queria muitos deles, uns cinco,pelo menos. Eles sempre tiveram nomes, também: Beatriz, Bárbara, Bianca, Bruno e Bernardo. 5 B´s. E eu os teria quando completasse 18 anos. Sempre quis ser mãe de muitos e cedo, para aproveitar bastante.
Quando comecei a namorar sério, muito tempo depois, essa ideia persistia, a ponto de, no meu aniversário de 18 anos, eu ter sido chamada para conversas sérias que envolviam muita argumentação para que eu não fizesse nenhuma besteira (o que, realmente, não passou pela minha cabeça, pois eu os queria, sim, mas com muita responsabilidade)!!!
Eu soube que estava grávida um mês antes de me casar. Estava tudo prontinho, certinho, namoramos por sete anos e “pum”, um mês antes do casório, engravidei. Foi um susto, nada planejado. Inclusive, mudou muito dos nossos planos. Desde o primeiro momento, apesar de algumas broncas, tivemos o apoio de nossas famílias e estávamos muito, muito felizes. Aqui, um parênteses: eu teria realmente cinco, se não tivesse que ficar grávida. A gravidez, para mim, é a pior experiência da vida de uma mulher. Fisicamente, psicologicamente, todos os mentes possíveis. Eu DETESTO ficar grávida. Sem contar que eu tenho, mesmo, limitações físicas, por conta de um problema ortopédico que faz com que meu parto adiante para algo próximo da 30ª semana. Como eu descobri? Ah, com as contrações do parto da Beatriz! Acho que essa foi a pior experiência da minha vida. Um medo, um pânico, uma sensação horrorosa de incapacidade. Apesar de todos os esforços, a Beatriz nasceu de 32 semanas, minúscula, levinha e com um pequeno problema respiratório. Eu não pude sequer pegá-la no colo. Direto para a incubadora. Nunca chorei tanto. Nunca me senti tão desamparada, desolada, apesar de todo o apoio que recebi de todos. Para a nossa felicidade, 5 dias depois ela conseguiu mamar e respirar sozinha, então pudemos levá-la para casa. Acho que foi o dia mais feliz da minha vida.
Quando a Beatriz tinha perto de dois anos, começamos a tentar fabricar um irmão para ela. Foi engraçado, pois, por mais que tentássemos, todos os alarmes eram falsos. Até que, depois de muitos meses, quando fui ao médico pedir o milésimo exame de sangue, ele disse: não, chega de exames, fique tranquila, você precisa se distrair, pensar em outra coisa. Ambos sabemos que você não está grávida. Mas eu estava. E foi uma gravidez ectópica, que quase me matou (tenho ou não razão de ODIAR ficar grávida?). Descobrimos, aos quase quatro meses de gravidez que eu não estava com um problema hormonal que desregulava minha menstruação, mas sim com uma hemorragia interna de pequenas proporções, pq um feto vinha se desenvolvendo há muito tempo em uma das minhas trompas. Delicinha. Depois do corre-corre, minha médica informou que, por causa do trauma, seria impossível que eu engravidasse, meu corpo precisaria se recuperar, que eu não me preocupasse pelo próximo ano, ficasse tranquila e só pensasse em outro filho depois de uns oito ou dez meses.Se eu não me engano, isso foi em agosto. Em janeiro eu estava grávida do Pedro.
Enfrentei, agora com conhecimento de causa, todos os percalços da gravidez da Beatriz (além de um enjôo constante que me fez ficar internada tomando soro, algumas vezes, durante os três primeiros meses). Minha médica, que também já conhecia o processo, me colocava em repouso ao menor sinal de mudança de tempo. Choveu: deita. Fez sol: deita. A partir do quarto/ quinto mês, tomei tudo quanto foi remédio para proteger o pulmão do Pedro e fazia repousos de 15 dias, alternados com uma semana de trabalho. Quando entrei na 30ª semana, novamente, o trabalho de parto começou. Eu não me mexi por quase 45 dias. Comia, dormia e só. Não tinha permissão sequer para subir escadas. E eu poderia ter continuado assim até a 40ª semana, mas numa das visitas ao hospital, ficou constatado que o Pedro estava em sofrimento. Ele nasceu exatamente com 36 semanas, e, graças a todos os esforços, não teve nenhum dos problemas que a Beatriz enfrentou.
Decidimos parar por ai, pois era muito sofrido imaginar se o bebê iria vingar ou não, se eu daria conta dele ou se ele teria problemas por conta da minha limitação. Então, dos cinco, fiquei com três gravidezes (isso existe?) e dois filhos lindos, que são tudo para mim.

Eles são meu sonho, minha realidade, minha vida. São meu tudo. Não existe algo mais importante, nesse mundo, que os dois para mim. Sou capaz de qualquer coisa, qualquer coisa, por eles. Eu sou daquelas que chora na apresentação da escola, que baba pq tem afilha mais linda e o filho mais charmoso. Sou daquelas que, quando começa afalar das crias, se empolga a ponto de esquecer que tem interlocutor (veja o tamanho desse texto, imagine isso numa conversa).
Eu sou a mãe repetidora de clichês, pq ser mãe é clichê. E, digo, a gente só entende o que é amor de verdade, aquele do Platão, aquele Amor ideal, com letra maiúscula, incondicional, depois que tem um filho. Você não ama um filho só se ele for loiro. Ou só se ele for legal. Você ama um filho apesar de. Apesar de ele ser bocudo. Apesar de ela revirar os olhos. Apesar de ele ser lindo e ficar se achando e você ter que dizer sempre para ele baixar a bola. Você ama seu filho apesar de ele ser mau-caráter. Apesar de ela ser periguete. Você ama um filho apesar de todos os defeitos que ele possa ter. E enaltece toda qualidade, por menor que ela seja. Você ama essas criaturas pq elas são suas, um pedaço de você para o mundo. A sua essência perdurando. Você os ama incondicionalmente pq você é mãe.


2 comentários:

  1. Nossa!!! Que história emocionante!!! Estou com lágrimas nos olhos... Também passei por algumas situações meio drásticas, antes, durante e após minhas gestações... Mas o que vale realmente é isso: vê-los cada dia mais lindos... Até esquecemos dos perrengues que passamos... Parabéns!!!

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