quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Trabalho

Cresci debaixo da barraca de artesanato da minha mãe, na feira da Liberdade, bairro japonês aqui em São Paulo, que abriga a maior comunidade oriental do país. Daí meu gosto pela culinária, e certas outras afinidades... Logo desde de sempre fui vendedora. Esta arte de vender eu aprendi devagarinho, domingo a domingo... já recem adulta eu pude testar meu dote em uma escola de computação, onde trabalhavamos na recepção, mas como diria minha gerente: vendíamos sonho...ouvi isto certa vez, e exatamente esta frase fez de mim implacável.
Vender sonhos...achei bonito e estimulante, fiquei lá alguns anos e faria carreira na empresa se não tivesse optado por ter um filho...
Estive fora do mercado de trabalho cerca de 3 anos, e na volta não conseguia uma colocação em lugar nenhum, não era o curriculo, ou a entrevista, ou a dinâmica, era...sabe Deus o quê...
A vida naquela época não estava facil, filho pequeno, aluguel, marido doente (da cabeça!), muita coisa.... topei o que apareceu... Auxiliar de higiene do hospital que trabalho hoje. Era o que tinha, e limpar vômito me pareceu bem mais agradável do que pôr minha filha pra dormir com  coca cola, porque o doente da cabeça tinha mandado entregar uma pizza com coca cola, pra um bebê de 1 ano.... enfim era o que tinha pra hoje!
Fui, acredite, sofri muito preconceito, minhas colegas de trabalho não aceitavam o fato de que eu tinha segundo grau completo, foi um começo muito dificil e estressante e o que menos me doeu foi o trabalho em si. Entrei disposta, sabia o que me esperava, mas não contei com a rejeição da equipe. Nada do que eu fazia tava bom pra elas, tudo era ruim, ou mal feito, mas dia a dia eu ganhei a simpatia de uma, da outra de outra...demorou mas elas se habituaram a mim, e eu a elas...
Diarimante havia visita da minha chefia no setor, ele observava o trabalho, a postura, conversava com quem nôs cercava procurando a máxima satisfação da equipe. Um belo dia ele me disse que eu deveria entrar na enfermagem, respondi: eu? não, não, minha aréa é administrativa chefe!
Assim passou se o tempo... um dia resolvi entrar mesmo nesta tal enfermagem, fui vencida pelo cansaço, estava no meio do curso quando houve uma seleção para o cargo de escriturária da uti infantil, mas no Brasil ha sempre o tal " jeitinho brasileiro", onde fui para uma seleção que eu sabia que a vaga estava "prometida" para outra pessoa.... fui, assim mesmo desenganada,  lá fui eu, não menti, não aumentei, não fiz nada...e levei a vaga. Anos depois em conversa com ainda hoje minha chefe, ele me disse que me deu a vaga contrariando alguem importante, e ouvindo uma vozinha no coração que dizia que ela devia me dar uma chance de crescer... mais uns aninhos e fui promovida pra  enfermagem com esta mesma chefe.
Não sei direito como quis entrar nesta aréa, não me lembro do primeiro desejo de estar ali, não sei bem o que me moveu, mas hoje sei que é o que eu mais amo fazer. TRabalho sim por um salário, mas sou muito feliz no que faço, e faço com o gosto de cuidar, cuido do paciente, do acompanhante, e gosto tanto do que faço que acaba sendo terapia....
De verdade e sem demagogia. Claro que as vezes me estrsso, claro que alguem me obriga a dizer: sim senhor vou providenciar! Querendo mesmo é dar um soco no olho, mas enfim....
Minha filha sempre diz: o que eu vou ser quando crescer? Respondo: Só quero que você seja feliz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário