sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Saudades...



Eu tenho muitas saudades...
Da voz do meu pai, do seu jeito de brincar, dos dias em que ele, eu , minha mãe e minha irmã passávamos juntos, plenamente felizes;
Da minha avó com seu lenço na cabeça, avental amarrado e unhas sempre bem-feitas a ralhar com meu tio, a me oferecer um café na sua xícara mais bonita, ao dizer como eu estava bonita por ter engordado;
Do cheiro das manhãs em Atibaia;
Dos primeiros dias de aula do primário, do cheiro de material escolar novo, da ansiedade de conhecer meus professores;
Do pão com manteiga da minha infância;
Das músicas bregas ouvidas por minha vizinha tão querida, Dona Ester;
De achar que tocar a campainha e fugir era um dos piores crimes que poderíamos cometer;
Dos papéis de carta trocados à duras penas com as amigas;
Dos bailinhos em que dançávamos com a vassoura até que pudéssemos dançar com o menino mais bonito da festa;
Das tias e tios que já partiram;
Dos animais de estimação que me fizeram companhia durante toda minha vida;
De ter todos os primos por perto;
Da espera pelo Natal e aniversários que pareciam nunca chegar;
Da vitrine da loja de brinquedos que eu não me cansava de olhar;
De resolver os problemas apenas mostrando a língua para alguém;
Dos tombos chorados, ridos e compartilhados com os amigos;
Dos tempos de colegial, em que nutria tantos sonhos malucos e tanta coragem para realizá-los;
Dos dias de universitária, acumulando tarefas, correndo alucinadamente para todos os lados em busca de realização pessoal muito mais do que profissional;
Dos meus filhos dançando lindamente no meu ventre durante minha gravidez;
De lugares que não conheço e que incrivelmente me fazem falta;
Do riso solto que parece andar perdido em algum lugar;
De acreditar em fadas e príncipes;
De crer que bastava ser adulto para resolver todos os problemas do mundo;
Da criança feliz que está adormecida em algum lugar em mim;
Da adolescente porra-louca que era;
De todos sonhos que não puderam ser.
Saudades.
Enormes.
E que continuem a crescer, fazendo transbordar meu baú de experiências, porque quem não tem saudades de nada, não viveu. 


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