Eu sou uma pessoa completamente alérgica. Durante muitos
anos, nem perfume pude usar. Hoje, ainda, se passo algum muito “esquisito”, meu
nariz se rebela e eu espirro o dia todo. Isso serve para qualquer outro perfume
ou cheiro. Meu nariz sempre apita quando algo estranho aparece ao redor.
Deve ser por isso que não tenho uma memória olfativa muito
forte. Minhas lembranças não estão tão ligadas à cheiros, muito mais a fatos e
gostos.
Claro que, em alguns momentos, alguns cheiros me levam a
lugares distantes, como a infância, por exemplo.
Dama da Noite – a flor – tem cheiro de infância, de brincadeiras
na casa das tias, na Água Fria.
Café tem cheiro de casa de mãe. Ainda mais se for café feito
pela Maria.
Água de Lavanda tem cheiro de vô. Não o meu, mas o das
crianças. Ele tembém cheira à temperos deliciosos.
Meu pai tem cheiro de Sr N (a Claudia há de lembrar) e,
apesar de ele não usar esse perfume há anos, eu não consigo pensar em outro
perfume que me faça lembrar dele. Minha mãe não usa perfume, nunca usou. Mas
ela usava Leite de Aveia Davene. Como meu pai, ela não usa isso há milhares de
anos, mas esse é o cheiro dela.
Minha irmã não cheira a nada, e cheira a tudo. Nunca vi
gente – alérgica – para gostar tanto de tantos perfumes. Quando morávamos
juntas, era minha perdição. Tinha noite que eu passava espirrando, por conta do
perfume que ela escolhia para sair.
Cheiro de mato me lembra férias na fazenda. E o cheiro de
mar me lembra as temporadas na praia.
E meus filhos... meus filhos cheiram a Amor.
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