quinta-feira, 28 de março de 2013

Cheiro de Amor


Eu sou uma pessoa completamente alérgica. Durante muitos anos, nem perfume pude usar. Hoje, ainda, se passo algum muito “esquisito”, meu nariz se rebela e eu espirro o dia todo. Isso serve para qualquer outro perfume ou cheiro. Meu nariz sempre apita quando algo estranho aparece ao redor.
Deve ser por isso que não tenho uma memória olfativa muito forte. Minhas lembranças não estão tão ligadas à cheiros, muito mais a fatos e gostos.
Claro que, em alguns momentos, alguns cheiros me levam a lugares distantes, como a infância, por exemplo.
Dama da Noite – a flor – tem cheiro de infância, de brincadeiras na casa das tias, na Água Fria.
Café tem cheiro de casa de mãe. Ainda mais se for café feito pela Maria.
Água de Lavanda tem cheiro de vô. Não o meu, mas o das crianças. Ele tembém cheira à temperos deliciosos.
Meu pai tem cheiro de Sr N (a Claudia há de lembrar) e, apesar de ele não usar esse perfume há anos, eu não consigo pensar em outro perfume que me faça lembrar dele. Minha mãe não usa perfume, nunca usou. Mas ela usava Leite de Aveia Davene. Como meu pai, ela não usa isso há milhares de anos, mas esse é o cheiro dela.
Minha irmã não cheira a nada, e cheira a tudo. Nunca vi gente – alérgica – para gostar tanto de tantos perfumes. Quando morávamos juntas, era minha perdição. Tinha noite que eu passava espirrando, por conta do perfume que ela escolhia para sair.
Cheiro de mato me lembra férias na fazenda. E o cheiro de mar me lembra as temporadas na praia.
E meus filhos... meus filhos cheiram a Amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário